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O próprio ato de aceitar uma sombra é um desafio à sua força; ela não tem mais o peso de uma força desconhecida. O objetivo é integrar a nossa sombra, mas não só para fazê-la ir embora. Quando uma sombra volta para nós sob novas e diferentes formas, nós nos familiarizamos com ela e acabamos exaurindo tudo o que ela tem para nos ensinar.
Um Ego humano razoavelmente saudável tem um sistema de defesa embutido. Se ele tentasse receber o impacto total de alguns de nossos medos mais profundos de uma só vez, se autodestruiria com o terror que iria sentir. Desse modo, o Ego só recebe aquilo que consegue integrar em determinada época. Quando um antigo padrão reaparece, isso não significa necessariamente que o tenhamos evitado ou que estamos falhando; pode significar que estamos prontos para abocanhar outro pedaço dele. Esse é o momento de sermos muito pacientes com nós mesmos. A paciência é uma afirmação de amor-próprio. E o amor-próprio é uma luz que se deve levar para dentro da escuridão do medo — medos que são seus e meus. Eu sei que você não vai ser paciente com os meus pavores se não for paciente com os seus próprios. A paciência significa que optamos por liberar conscientemente os julgamentos sobre nós mesmos e sobre os outros. Ela faz mais do que admitir que a mudança não pode ser imposta de fora. A paciência libera, em primeiro lugar, a opinião de que se pode saber o que é certo para a outra pessoa. Ela dá origem à compaixão imparcial que diz: “Tenho empatia para com a sua dor e libero os meus julgamentos a respeito da razão pela qual você está passando por isso.” As coisas não são aquilo que parecem. O que é trágico na aparência pode constituir, na verdade, um importante rito de purificação ou um ato de sacrifício para o bem maior. Quem teria a presunção de julgar a amplidão do objetivo do sacrifício de um Martin Luther King Jr. ou de um Mahatma Gandhi?
As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 232
Foto: Nyweb2001
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