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KARMA: a memória da vida

Flavia Criss
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Sadhguru afirma que karma não significa algo bom ou ruim que nós tenhamos feito. Ele entende que karma é a memória da vida.

De acordo com Sadhguru, a palavra “karma” evoca diferentes tipos de compreensão em nossa mente.

Karma, segundo o mestre, significa “ação” que está contida em vários níveis diferentes. Existe a ação física, a mental, a emocional e a energética e a todas podemos chamar de karma. Se a ação é mais profunda do que essas quatro dimensões, então a chamamos de kriya.

Assim, tanto o “karma” quanto o “kriya” são ações, mas o karma é aquele tipo de ação que deixa uma marca residual ou um impacto no sistema. Isso significa que a memória e a química dessa ação permanecem. O Kriya é um tipo de ação que se imprime em uma dimensão completamente diferente e começa a desmantelar o resíduo cármico acumulado no sistema.

O mestre Sadhguru diz que existem karmas de vários tipos, relativos a muitas camadas diferentes e também a dimensões diferentes. As ações que nosso pai realizou estão ativas, ficam lá nos cutucando por dentro, de várias maneiras, não apenas em relação a determinadas situações — essas ações ficaram impressas em todas as células do nosso corpo.

Muitos se lembram que quando tinham dezoito ou vinte anos, se rebelaram completamente contra o pai ou a mãe. No entanto, por volta dos quarenta anos, passaram a se comportar-se como eles, a agir e falar como eles. Essa, segundo o mestre, é uma maneira extremamente desanimadora de viver, pois se fosse para a vida se repetir dessa forma– ou seja, se as gerações se comportarem, agirem, viverem e experimentarem a vida da mesma forma que a geração anterior — estarão desperdiçando a vida.

Com efeito, cada geração deve experimentar a vida de uma maneira que a geração anterior nunca imaginou. Não fazendo coisas malucas, mas experienciando a vida de forma que ela nos conduza ao próximo nível.

A Memória da Vida

Mas o karma não é apenas nosso ou de nossos antepassados . O karma daquela primeira centelha de vida unicelular da bactéria ou do vírus também está atuante dentro de nós. Em um corpo humano normal, existem aproximadamente 10 trilhões de células humanas. Porém, no nosso corpo também há mais de 100 trilhões de bactérias – já perdemos de um a dez para as bactérias! Só na pele do nosso rosto existem 18 bilhões de bactérias.

Uma porcentagem significativa de cada um de nós é bactéria. E o tipo de bactéria que possuímos tem um certo padrão comportamental, dependendo do tipo de bactéria que nossos antepassados ​​tiveram. A forma como as bactérias se comportam em um corpo ou em outro é muito diferente e tem a ver com essa memória.

Então, herdamos até mesmo as bactérias com determinados atributos, que também possuem um certo conteúdo kármico, agindo e fazendo com que a nossa qualidade de vida se desenvolva de uma certa maneira.

O karma, por conseguinte, não está relacionado a algo bom ou ruim que tenhamos feito, mas à memória da vida. A própria forma como o nosso corpo está estruturado se relaciona ao fato de que existe essa memória de vida, que se desenvolveu desde um ser unicelular até qualquer outra forma de vida. É provado pela medicina que dentro de nosso cérebro existe um cérebro reptiliano que é quase o tamanho do cérebro de um crocodilo. Entende agora porquê às vezes queremos bater em todo mundo?

Todas as grandes idéias que temos a nosso respeito são muito falsas. É por isso que os mestres nos dizem: “Tudo é Maya”. A maneira como as coisas acontecem dentro nós revela que quase tudo o que fazemos é controlado pelas informações do passado.

É, estamos realmente enrolados, mas não de forma irremediável. Desde o animal unicelular até o ser vivo mais complexo, sempre existe a possibilidade de se tornar um Pashupati — aquele que pode deixar tudo para trás e transcender.

Dentro do organismo humano, o seu esqueleto básico — não o esqueleto ortopédico, mas o esqueleto ou o projeto básico de energia — conta com 112 chakras ou pontos de junção que amarram todo o organismo energeticamente.

Todos esses chakras funcionam de acordo com a influência do resíduo cármico ou da memória passada no interior de todo o sistema, que faz com que o processo dessa vida aconteça. Mas existem dois outros chakras que se localizam do lado de fora da estrutura física do corpo, que geralmente permanecem bem pequenos ou quase adormecidos na maioria das pessoas. Mas de acordo com o mestre, se fizermos bastante Sadhana, eles se reativam.

O chakra de número 114 pulsa da maneira descrita nos tempos antigos como o Ouroboros — cujo símbolo é uma cobra engolindo sua própria cauda, lembra dele?

Podemos ver esse símbolo em quase todas as culturas antigas. Na Índia, estão em todos os templos, também na Grécia, no Egito e nos templos da Mesopotéia – o Ouroboros está presente em todas as culturas antigas que se importam mais com o que existe “além” deste plano.

Atualmente, a matemática moderna usa o Ouroboros como o sinal do infinito. Assim, o 114º chakra pulsa no formato do infinito. E se as energias de alguém tocarem essa dimensão em nós, cada ação, tudo o que fizermos se torna um processo de libertação, porque a ação deixa de nos pertencer e transfigura-se como sendo de natureza infinita. Se as energias de outrem estiverem contidas no limite dos 112 chakras, cada ação que fizermos deixa um resíduo, então é melhor fazermos aquelas ações que nos deixam um resíduo agradável, concorda?

O Grito Primário

A nossa ação na vida pode ser tanto um processo de libertação ou de enredamento, dependendo essencialmente do nível de sadhana, da nossa atitude e da vontade com a qual a ação é feita. Diz o mestre que se as pessoas tentarem fazer sadhana sem realizar a atividade necessária em suas vidas, a sadhana será uma grande luta.

Se tentarmos nos sentar durante doze horas por dia e meditar, inicialmente nos parecerá uma grande proeza, mas depois de um mês, iremos “pirar”. Ensina o mestre que SE nós conseguirmos atravessar esse mar de loucura, já teremos feito toda a travessia.

Este também é o grito primário dos nossos pais, avós, antepassados ​​e até da bactéria. Todos gritarão para encontrar sua expressão, não ficarão quietos. Nós poderemos obliterar todos os gritos — sem dúvida, um caminho difícil — com muita sadhana. Ou simplesmente poderemos nos distanciar deles e não nos incomodarmos porque não ouvimos seus gritos. São duas maneiras diferentes de travessia.

Criar a distância em relação a tudo requer muito trabalho, ou simplesmente, muita “devoção”. Se você tiver que fazê-lo sozinho, é preciso muito trabalho. Se você quiser andar no veículo da pura graça divina, não terá muito trabalho, mas não se sentará no banco do motorista.

Então, é assim: ou aprendemos a dirigir esse veículo — prática que envolve muitos riscos — ou um motorista experiente irá dirigir e nós ficaremos lá sentadinhos, cochilando no banco de trás.

Mas, desde que cheguemos sãos e salvos ao nosso destino, não importará como, certo?

É o que nos diz o Mestre.

Fonte: Sadhguru’s book Of Mystics and Mistakes.

Tradução e comentários meus, Flavia Criss.

SF North Bay, 26 de setembro de 2017.

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