
Durante a entrega, acabamos abandonando a própria luta. Essa pode ser a liberação mais difícil de todas. Nós sabemos como lutar, como sobreviver, forçando-nos a competir e a abrir caminho através das dificuldades. O que não sabemos é como relaxar, como confiar, como permitir que o universo nos conduza. A tentação é sermos como o prisioneiro que pede para sair da prisão e depois infringe imediatamente uma lei, assim que é libertado, para voltar às limitações odiadas mas conhecidas.
Eu me lembro de ter trabalhado com um homem dinâmico que ficou muito desorientado quando lhe disseram que, na verdade, ele não precisava mais se esforçar tanto. Ele dirige seminários de motivação e é um excelente professor. Para chegar aí, ele passou muitos anos de desafio trabalhando seus próprios problemas e aperfeiçoando suas técnicas para motivar os outros a reconhecer, por sua vez, aquilo de que eram capazes. Depois de me aconselhar com ele por vários anos, eu conhecia bem a sua sinceridade e como se sentia responsável em relação aos outros. Quando iniciamos a consulta naquele dia em particular, eu vi uma imagem simbólica desse homem escalando gradualmente uma montanha muito íngreme. No início, ele carregava um fardo muito pesado que era todo o equipamento de que precisava para realizar a primeira subida. Periodicamente, ele ia montando acampamentos em pontos cada vez mais altos da montanha, avaliava o material de que necessitava, descartava o equipamento desnecessário e continuava em frente. Ele desenvolveu a capacidade de enfrentar as dificuldades, não se importando quantas surpresas a montanha lhe apresentasse. Mas, quando eu o vi no topo da montanha, ele estava visivelmente confuso. Sabia como lutar para subir até o cume, mas não sabia o que fazer ao chegar lá. Tudo o que tinha a fazer era ficar lá. Mas ele via a si mesmo como aquele que escala montanhas. Agora, ele tinha de ter uma perspectiva totalmente nova daquilo que era. Não estou sugerindo que ele não venha a escalar outras montanhas. Para dominar completamente uma volta da espiral da mudança consciente, é preciso posicionar-se ao pé de outra espiral. Porém, em algum ponto do nosso crescimento, conseguimos nos render diante de toda a luta e enfrentar nossos novos desafios com menos tensão e mais confiança no apoio do universo.
As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 268
Foto: Billaday
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