O aparecimento do eu
- Flavia Criss
- 15 de set. de 2011
- 3 min de leitura

Preparar uma pessoa para transpor os “umbrais do Eterno” sempre foi e ainda é hoje a missão dos ensinamentos ocultistas.
Quer fossem transmitidos em disciplinas como o hermetismo, a alquimia, a Ordem Rosa-Cruz, a Franco-maçonaria ou a Teosofia, quer por meio das sociedades secretas de Ísis ou dos mosteiros do Tibete, o objeto era essencialmente o mesmo. Ingressar nas escolas ocultistas era muito difícil. Dizem que Pitágoras, o grande matemático e filósofo que fundou uma grande escola ocultista na Grécia Antiga, exigia anos de silêncio de seus candidatos antes mesmo que fossem levados em consideração. Mediante um rigoroso treino da mente, do corpo, das emoções e do espírito, os discípulos eram preparados para a “morte” do corpo que lhes permitiria renascer para a totalidade iniciática e ritualística da sua verdadeira natureza.
A jornada que vai da morte de uma visão do eu limitada e egocêntrica até o nascimento na totalidade do Eu era classicamente marcada por diferentes graus de compreensão. À medida que os iniciados progrediam na morte simbólica do antigo eu e das antigas fascinações, passavam do papel de aprendizes para o de aspirantes, no qual se iniciava o trabalho de abertura do eu. Com persistência, os aspirantes provavam sua dedicação através de um período de provação, tornando-se, com o tempo, adeptos maduros. À medida que passavam de uma fase para outra, os discípulos recebiam cada vez mais ensinamentos ocultistas.
Além da mitologia exterior e das práticas rituais, os ensinamentos esotéricos no mundo todo transmitiam essencialmente a mesma linha de autoconhecimento e de responsabilidade pessoal. O caminho da iniciação consciente é o caminho da responsabilidade em relação ao eu. Ele é diferente do caminho fortuito do aspirante não-iniciado, que pode ter momentos de êxtase com o Espírito, mas ao sair deles retorna a uma vida caótica.
O caminho da iniciação também pode ter seus momentos de êxtase, mas também é necessário que o iniciado aprenda a participar inteiramente das questões diárias enquanto retém a perspectiva mais ampla dos ensinamentos.
Os aspirantes aprendiam técnicas de purificação do corpo para permitir que ele emitisse mais vibrações, e vibrações mais sutis, da energia universal. Esse regime incluía alterações na dieta, jejum, meditação e exigia o constante domínio dos apetites sensuais. Isso não significa que eles tivessem necessariamente de abrir mão do sexo. O que os aspirantes precisavam aprender, isto sim, era a não serem empurrados nesta ou naquela direção por impulsos momentâneos e a escolher com cuidado o que fazer com sua energia sexual, e com quem. Também aprendiam técnicas para converter energia sexual em energia espiritual.
Assim como os aspirantes aprendiam a purificar os aspectos de suas vidas físicas que ainda eram inconscientes, também eram ensinados a limpar suas confusões e distorções emocionais e mentais. Eles se libertavam gradualmente do passado para se aproximar de cada novo passo na iniciação carregando cada vez menos bagagem. O objetivo era manter-se em contato com o amor puro — não o amor que amarra os outros a si, mas um amor marcado pela sua abrangência. Todo treinamento era cuidadosamente planejado para preparar o aprendiz no sentido de vivenciar a primeira iniciação importante, o nascimento do Divino interior.Esse era — e ainda é hoje — o passo espiritual mais significativo que podíamos dar, desde que primeiro mergulhássemos no esquecimento.
Os ensinamentos de iniciação, quer transmitidos diretamente, quer por meio da metáfora, descrevem a nova vida da alma despertada quando ela começa a viver a consciência divina na forma humana. As histórias antigas mostram o caminho e advertem sobre seus perigos e tentações, suas alegrias e oportunidades de serviço.
As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 53
Foto: Koppdalaney
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