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Anos atrás, cheguei a admitir que, se eu ficasse frustrada quando as coisas não acontecessem para mim com rapidez suficiente, eu aceitaria tranqüilamente e de modo superficial os prazos. Mas o meu corpo dizia a verdade: eu mantinha a tensão nas coxas, nas nádegas e na barriga das pernas. Eu não compreendia por que o meu corpo se manifestava desse modo específico, mas não sabia que o corpo imprime nossos hábitos mentais e emocionais. Por um tempo — durante sessões com um fisioterapeuta e durante meditações pessoais — enviei ao meu subconsciente a mensagem de que eu realmente gostaria de compreender essa propensão.
Várias lembranças desordenadas se reuniram para formar o padrão. Lembrei-me de uma observação que meu pai tinha feito sobre a mulher que fora a minha babá nos meus primeiros dezoito meses de vida. Ele disse, casualmente, que ela era rígida demais. Então me lembrei de uma imagem com que havia sonhado. No sonho, eu me encontrava num tapete e me sentia frustrada porque, todas as vezes em que ia para a beirada, era puxada para trás. Quando contei isso à minha mãe, ela ficou muito surpresa. Disse que essa mulher que cuidava de mim tinha me treinado para não ultrapassar a borda do tapete. Quando confrontei essa informação com o conhecimento da minha energia de fogo sagitariana que gosta de exploração, o padrão tornou-se claro. Comecei a trabalhar com esse dado, primeiro buscando compreender o padrão. Como um bebê, eu não tinha a compreensão dos limites e ficava muito frustrada com aqueles que me eram impostos. A tensão mantida nos músculos que serviam para engatinhar era o símbolo dessa frustração — eu tinha codificado aquela resposta emocional dentro do meu corpo físico. Porém, o hábito de manter a tensão nesses músculos não desaparecia apenas porque eu a reconhecia. Portanto, o passo seguinte foi prestar muita atenção nos estímulos que desencadeavam a velha resposta. No momento em que eu me sentia frustrada, parava imediatamente o que estava fazendo e respirava fundo para dentro desses músculos. Então, eu reprogramava o estágio de engatinhar visualizando a cena, só que dessa vez eu me via engatinhando pela sala toda. O passo mais importante foi perdoar a mulher que tinha cuidado de mim, pois eu sabia que, provavelmente, ela havia interiorizado minha frustração com ela também. Levei uns dois anos prestando atenção e me reprogramando para mudar esse padrão. Mas já não contraio mais os músculos como resposta à frustração. É bom lembrar-nos de que o nosso espírito, a nossa mente, as nossas emoções e o nosso corpo sempre funcionam como um continuum. Há diferentes freqüências nesse continuum — dos altíssimos padrões do espírito aos modelos de onda mais baixos do corpo físico — mas todos eles sempre operam como um continuum. Tudo o que nos choca ou nos traumatiza em qualquer ponto ao longo da faixa de freqüência é sentido em cima e embaixo em todo o continuum. Isso é instantaneamente vivenciado sem considerar se o choque foi “real” ou não. O que importa é que você acredita que ele é real. Quando ocorre um trauma — seja ele real ou imaginário — nossa tendência é trancá-lo dentro de um padrão de reação relacionado com a idade em que ele ocorreu. Essa parte de nós não consegue crescer. Está bloqueada. Quando, anos depois, acontece algo que nos faz lembrar a experiência original, reagimos da mesma maneira que quando o choque ocorreu originalmente. Então, aos trinta e cinco anos, podemos repentinamente descobrir que estamos reagindo a uma ameaça como uma criança de três anos de idade. Penso em todas as “boas pessoas” que vi e que estão doentes devido às suas raivas e frustrações reprimidas: Marta, de setenta anos, cujos talentos artísticos não encontraram nenhuma válvula de escape no mundo, com a energia bloqueada se acumulando em cristais dolorosos nos ombros, pulmões e cotovelos; Alan, de quarenta e seis anos, que acreditava que “meninos não choram”, e cujo corpo padece devido a dores de cabeça crônicas porque ainda sofre a perda da mãe, ocorrida na infância; Bárbara, de trinta anos, que come até ficar obesa, numa tentativa inútil de obter o cuidado que nunca teve. Eileen solicitou o trabalho de cura para uma úlcera. Enquanto eu trabalhava com ela, vi um padrão de inveja que havia sido criado na infância. Ela tinha uma irmã mais velha que era muito bonita. Foi reprimida por ter sentimentos de inveja na infância e, em vez de lidar com eles, engoliu-os. O local de armazenamento dos seus sentimentos negados era o estômago. Ela cresceu projetando esses sentimentos em todas as mulheres bonitas. Como o mundo está cheio de mulheres bonitas, ela estava constantemente alimentando o seu medo. Resultado alcançado: uma úlcera. Há um corolário interessante para essa história. Fiquei meses sem ter notícias dela. Foi então que ela voltou com a queixa: “Minha úlcera voltou!” Quando perguntei se ela tinha feito terapia, se tinha perdoado a si mesma, à sua irmã, à sua família, se estava empregando alguma das técnicas e afirmações sobre as quais tínhamos falado, ela ficou em silêncio e, depois admitiu que não tinha feito nada disso. É claro que a úlcera tinha voltado. Ela não tinha desejado limpar, purificar a antiga crença que havia provocado a úlcera. Eu gostaria de deixar claro que, se a minha experiência me ensinou que todas as crenças acabam, com o tempo, por manifestar-se no corpo, não sabemos exatamente onde e como isso vai acontecer. Não creio que possamos generalizar além de certo ponto — as pessoas são complexas demais para isso. Como em todos os aspectos do crescimento, temos de conhecer a nós mesmos e às nossas predisposições. Quando os antigos padrões estão sendo liberados, isso pode perturbar os ritmos e hábitos físicos familiares. Uma boa regra prática é assumir que, quando estamos nos liberando na nossa mente e nas nossas emoções, o nosso corpo vai se manifestar. Beber muita água, comer alimentos com alto teor de fibras, desintoxicar-se com sauna ou vapor, transpirar com exercícios físicos, tudo isso ajuda a manter os seus órgãos de eliminação em plena forma, facilitando o processo que pode nos ajudar a atravessar esse período difícil sem ficarmos doentes.
As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 228
Foto: Gyro2
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